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Atleta não é burro! 

Desde que eu era criança, ouvia dizer que quem era atlético era burro, e quem era inteligente era sedentário. E que tinha que escolher entre ser inteligente e ser atleta. 

Os adultos da minha rua repetiam a história de Sócrates, jogador de futebol, que era, além de atleta, médico, como se isso fosse algo do outro mundo.

Pensar que esforço muscular não tem nada a ver com esforço mental – Isso sim é algo de outro mundo!

Há alguns anos, fiz uma visita à psicóloga dos meus filhos. Depois de uma longa conversa ao meu estilo (reflexivo e filosófico) sobre os meninos, a psicóloga finalizou nosso encontro com o seguinte comentário: “Nossa, estou em estado de choque. Nunca pensei que uma pessoa como você, fosse tão profunda e pesquisadora de tantas coisas, pensei que atletas não fossem intelectuais.” Fiquei eu em estado de choque e como não sou de brigar, agradeci o elogio (acho que era um elogio). E nunca mais voltei.

Essas histórias e muitas outras, repetem o mesmo paradigma: de que todo jogador de futebol (atleta ou quem mexe o corpo de forma séria) é burro. Realmente, há várias gafes da língua portuguesa nas entrevistas de jogadores, mas isso quer dizer que são  burros? Ou que investiram suas vidas, seus esforços, seus cérebros, dedicando-se exclusivamente às aulas de futebol ao invés das aulas de português? Desenvolvendo especialidades. PENSE NISSO.

Tudo isso exemplifica mais um paradigma errado da sociedade moderna: o homem dividido em mente e corpo. O trabalho muscular versus o trabalho intelectual.

Esse jeito de pensar vem desde a época medieval, quando o chique era ser sedentário e o pobre era aquele que trabalhava utilizando sua força muscular. Por mais que neguemos que isso ainda exista, no ocidente, ainda tem-se a imagem de pessoas intelectuais como sedentárias e de pessoas atléticas como pouco inteligentes. Infelizmente está comprovado que neste quesito regredimos desde a época de Platão e Sócrates – “corpo são, mente sã.” (autor romano Juvenal).

Mas há esperança: a ciência vem comprovando e reconectando a atividade cerebral com o corpo. E com isso poderemos reforçar o paradigma (nada novo): sem mente não se faz corpo e sem corpo não se faz mente. PENSE NISSO TAMBÉM.

Dois séculos bitolados em estudar neurônios e sinapses se passaram e agora no século XXI, cientistas comprovaram que mais que os neurônios, a mielina – a massa branca do nosso cérebro – está redefinindo a inteligência. 

Segundo Piaget nossa inteligência deve ser medida pela capacidade de adaptação do ser humano, ou seja, capacidade de aprendizado, e essa mielina tem tudo a ver com a plasticidade do nosso cérebro e não a quantidade dos nossos neurônios. Portanto o número de neurônios não mede a sua inteligência.

A mielina é “o cara” para a gente se desenvolver. Com isso, comprovou-se que o nosso cérebro se modifica. Podemos fazer crescer partes específicas de acordo com estímulos, podemos manipulá-lo, transformá-lo e melhorá-lo, e isso não tem idade para acontecer.

Atualmente o cérebro vem sendo comparado aos nossos músculos. Finalmente!!! Temos uma enorme plasticidade corporal (capacidade de manipulá-lo e modificá-lo), porque temos uma plasticidade cerebral, ou seja, quanto maior sua plasticidade corporal, maior sua plasticidade cerebral. PENSE NISSO!

Então essa história de que atleta é burro não faz o menor sentido! Para ele ter a desenvoltura, precisão, força, mobilidade, ele precisou primeiro desenvolver tudo isso em pensamentos, no cérebro, pois tudo começa na ideia e a partir daí, vem a ação.  PENSE NISSO TAMBÉM!

Com esta plasticidade toda, para cá e para lá, quebre esse paradigma de músculos ou inteligência, e tenha em mente: VOCÊ PODE SER O QUE QUISER, NÃO IMPORTA SUA IDADE OU CONDIÇÃO ATUAL, BASTA ESFORÇOS NOS LUGARES CERTOS, OU SEJA, UMA PRÁTICA DELIBERADA. SE TORNE O QUE QUISER SER!! Libertador, não é?

Ah! E o melhor: isto não é obra da sua genética, do acaso. Não existem pessoas sortudas e azaradas nesse quesito. Isso é exclusivamente obra do seu esforço em criar novas conexões neurais, adaptações, mielinizar e expandir seus limites. E que a prática de exercícios físicos realmente estimula a saúde e a inteligência do seu cérebro. Dois em um: corpo e mente sendo desenvolvidos através de movimento físico. 

Agora quando for praticar seus movimentos, sua atividade física, tenha em mente que você esta principalmente desenvolvendo seu cérebro, novas atitudes e criando conexões cerebrais, abrindo assim milhares de possibilidades para a sua vida.

Se quiser saber mais sobre neurociência e seu potencial, em breve publicarei novos posts sobre a “Mielina, minha linda” e “Se tem um corpo, se mover não é opcional.”

Obrigada por ler meu post, espero que tenha estimulado você a quebrar mais um paradigma e ter uma vida melhor!

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